now i don't know who my friend is
early september and the kids start school. nesse momento, poderia dizer “eu tenho você”. tantas coisas perdi, e quase tudo me faz bastante falta. em 2007, eu estava tão cansado e as pedras que rodeavam o jardim de inverno continuavam ali, soltando faíscas. perdi as contas de quantas vezes desejei te ver dançando com os anões ou regando um pote com begônias secas que tinha sido presente de alguma vizinha encrenqueira. não suporto mais sentir falta desse desejo que não era bem pulsão de morte, tanatos, ou qualquer que seja o nome dado por esses falsos terapeutas que receitam os piores remédios nos receituários mais ordinários. não quero mais ver essa sombra de seis, sete anos atrás que ainda se fixa em um pedaço de madeira, ao pé da minha cama, sussurrando: os dias melhores acabaram, o futuro é branco (e não cinza ou marrom-escuro como você escrevera uma vez, na palma da minha mão, durante o intervalo). pensei em entrar em uma igreja seicho-no-ye, comemorar meu próximo aniversário em um cemitério de animais ou ir te buscar em cima de uma ponte, no momento em que você estivesse pronto para se atirar de lá de cima. “angélica, eu já não suporto mais”. mas suporta, porque a sentença de morte já saiu e, como eu bem sei, ela não é tão dramática quanto você imaginava que fosse. todas aquelas anotações, pequenas tristezas sem sentido e vozes ecoando no fone de ouvido que você carregava sempre pendurado, inerte e sem função, caído bem em cima da pinta da sua saboneteira esquerda. todos os títulos das histórias inacabadas estariam, ou deveriam estar, no meio daqueles arquivos de bloco de notas: o “lar doce lar”, “home sweet home”, “home bitter home”. não queria mais voltar pra casa, mas voltei. e você ficou à minha espera, bem em frente ao jardim, observando o quão rápido a água da fonte escorria por entre as esculturas de pedra em formato de cisne.
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