segunda-feira, 13 de março de 2017

o sonho do sonho (e a sentença, já revelada).

acordei diversas vezes
em cinco camas de hotel diferentes.
na primeira, abracei um zumbi
que devorava um olho.
na segunda, mordi uma cenoura
chamuscada e elétrica.
na terceira, pressionei o travesseiro
contra a parede.
na quarta, não dormia.
na quinta, apaguei a luz e a reacendi
imitando os hábitos dos vagalumes.
só que no final, no escuro fiquei
sendo absorvido pelo buraco negro
zero gravidade
engolido pela escuridão finita
de uma multidão apressada.
fico abraçado e diluído
na água negra do pesadelo,
enquanto você nada em fina bruma
dançando com elfos, e beijando as caras
de centenas de vozes,
lugares e sonhos.
"é justo e é justo?", indaga o júri.
"não e não", o duende responde.
mas a sentença galopa
se desmancha em um milhão de covas
abismos de lava, piche e chorume
onde você há de mergulhar, um dia
e sorver a mesma água escura
no infinito da morte, que corre sombria.

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um zero e dois pensamentos © 2013.
textos autorais de Felipe Fernandes. design: Diogo Machado.

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