sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

the graveyard is my home

aqui embaixo, neste caixão
não há nada que preste
água, luz, comida ou oxigênio
apenas um copo de vazio
e outro de veneno.

as raízes se entrelaçam
e penetram no esqueleto
"meu deus!", pensei, "uma morte tão invisível como esta
não pode de jeito nenhum ser noticiada".
"aqui jaz um lacaio"
"aqui jaz um almoxarife"
xerife da inexistência
patife do abismo escuro
saci-pererê do precipício.

nenhuma palavra, apenas um choro
um suplício de viúva
ou de viúvo: de nada mais me lembro.
a lápide molhada, a chuva miúda
e a lagarta, escorrendo entre a terra,
soturna, de passo curto e lassivo
ferindo a carne, a vida, a cinza do defunto
até a música tocar
aquela, que dancei até o último suspiro
dentro da boca do tubarão, me afastando
e me aproximando do canino pontiagudo
já me sentindo saciado, arisco, moribundo.

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um zero e dois pensamentos © 2013.
textos autorais de Felipe Fernandes. design: Diogo Machado.

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